terça-feira, 19 de julho de 2011

Introdução a Akrumith 1ª Parte


Song: MAKTUB II - MARCUS VIANA (em árabe) 

Reino de Akrumith - Castelo em Alexandria

   Helena diz:
 Em uma terra cercada pelos montes de areia, encoberta pela ventania vinda do norte e a leste banhada pelo Rio Nilo. O trepidar dos cavalos chegavam aos pés das escadarias do palácio Akrumith
- Hei hei!!!...
Um jovem puxava às rédeas de seu cavalo, em seu colo uma garotinha vinha agarrada em seu ventre, acobertada pelo véu cor cru. Soldados aproximaram-se do grande homem e puxava o cavalo com cuidado para que subisse as escadarias sem grandes atritos, seus olhos claros apertavam-se a cada trepidar dos cascos do grande animal sobre o piso de pedra dura, mais alguns metros e o animal parava.
 - Onde ela está!?...onde?!...
Falava uma bela mulher que aproximava-se com passos ligeiros, suas vestes eram de um requinte inigualável de ceda colorida, de tons amadeirados, desenhavam-se em seu busto um belo decote arrojado, com o desenho de flores exóticas pintadas a mão, em tons branco e verde. O Soldado desmontou de seu cavalo carregando a pequena pela mão, ela não deveria ter mais que seus 11 anos de idade naquele momento. Os olhos da rainha se encheram de lágrimas ao que correu para ela e
pegou nos braços, beijando suas bochechas branquinhas, a menina encolheu-se toda assustada, não sabendo onde estava
- Bom trabalho, podem ir agora...
Ordenou a Imperatriz, voltando sua atenção a menina que segurava pela mãozinha. - Venha querida...

Helena 11 anos
   
 Athos diz:
 Entre os pilares de tantas eras, ainda cresciam rosas vermelhas e crisântemos, acostumados ao calor e o vento. A água que caía da jarra da imutável estátua ao centro do suntuoso jardim se espalhava pela fonte circular, onde pequenos peixes circulavam alheios as sombras e vultos dos pequenos que corriam pelo labirinto de verdes. Haviam risos perdidos, quase feéricos, que ecoavam, fazendo as aias sorrirem enquanto bordavam e coziam as roupas de seus próprios filhos.
- E por fim, o magnífico general apontou sua espada para o vil persa em seus mil cavalos...Enfrente-me!
As pernas compridas e firmes do garoto batiam na mureta e sua pose não deixava à desejar sobre nenhum guerreiro. Mas o fato é que sua espada se tratava de um galho muito fino e ainda verde, frouxo com a empunhadura. Seus cabelos castanhos caiam pelo rosto e encobriam seu rosto um pouco sujo pelas estripulias e os olhos magníficos, profundos e azuis, cintilando de ansiedade pela investida. Rapidamente o inimigo surgiu, outro garoto da mesma idade, pouco mais em tamanho e desenvoltura. Usava na cabeça um pedaço de
túnica e um bracelete torto, que fazia as vezes de coroa.
- Maldito general, vais morrer hoje! Ráaa!!! 
Digladiavam-se com seus galhos, imitando os sons da batalha, tirando mais risos das mulheres até que uma delas, vendo que a batalha acabaria com dois garotos ensopados dentro da fonte, se ergueu e segurou o suposto "general", descendo-o para o chão perto das floreiras cheias de pontos amarelos.
- Por hoje chega, general. Hora do seu banho, antes que sua mãe o veja assim, todo imundo.


                                          Laurus e Athos


  Helena diz:
   A garotinha era guiada pela mão delicada da Rainha para dentro do grande castelo, seus cabelos estavam ainda encobertos devido ao véu que lhe protegera do sol ardente, caminhava olhando tudo a sua volta e via que era tudo muito grande! Ela sabia muito pouco daquele idioma, vinha de outro país, importada a pedido de sua alteza, mas não por desejar apenas uma afilhada, mas que tivesse o dom da permissão. Fora guiada por vários corredores até saírem em uma área, aonde o rio chegava aos pés da grande construção, as folhagens esverdeadas ali eram abundantes, samambaias de todos os tipos possíveis, vitórias-régias, e alguns lírios brancos também havia em vasos e a boiar sobre a água. Era uma visão maravilhosa à que vislumbrava ali. A Rainha abaixou-se na altura da menina e disse.
 - Seja bem vinda a sua nova casa meu raio de sol...
Ela sorria tocando-lhe os cabelos retirando o véu que lhe cobria, dobrava-o e o punha sobre o ombro, a pequenina observava-lhe com seus olhos azuis, um pouco tímida inicialmente.
- obrigada... falou baixinho mordendo o lábio, a mulher sorriu e disse.
- O seu nome será    Helena     de hoje em diante aquela que trará sorte e muita prosperidade a esta casa!...Venha vamos molhar os pés, está calor!...
 Guiava-lhe até as escadarias que eram banhadas pela água ao que tiravam suas sandálias delicadas, sentadas em pequenos bancos que se encontravam ali, ricamente estofados e entalhados em madeira rústica.
 - Você logo conhecerá os meus tesouros...Malek e Athos, devem estar brincando por ai...
Sorria ela ajeitando os cabelos castanhos que lhe caiam sobre os ombros, eram encaracolados, cheios de cachos.

Imperatriz Hanya

Athos diz:
 A aia caminhava pelos corredores, entre desenhos antigos que eram refletidos nas paredes conforme os archotes brilhavam em pedestais de metal polido. Os guardas silenciosos assistiam a caminhada da mulher mais velha, da cor do ébano, cujos cabelos presos em milhares de tranças sempre terminavam em contas douradas. Era ela a responsável pela saúde e bem-estar do pequeno menino, de não mais do que seus oito anos. Lamiak era seu nome, como o nome de seus ancestrais e ela sorriam muito ao dar passos curtos quando chegava à ampla sala de banhos.
- Você devia ter me deixado ficar um pouco mais, Lami! Eu ia derrotar Laurus pela terceira vez nessa semana!
O pequeno dava golpes no ar, ainda muito ansioso para prestar atenção à mulher que enchia uma banheira folhada a ouro e lápis-lazuli, onde se viam escaravelhos e chacais incrustados no metal. A água fresca era misturada com folhas de menta e um ramalhete de ervas aromático estava amarrado com fitas de cetim próximo do banho, para limpar o pequeno. Ela o despia da túnica branco-encardido e o levantava pelos braços, colocando-o sentado na banheira, escutando seus devaneios com muita paciência.
- Erga os braços, Athos. Isso. Agora vamos lavar esses cabelos.
- Por que tenho que tomar banho a está hora, Lami? Sempre tomo antes de comer e ir pra cama.
Athos batia sobre a água, imitando com as mãos barcos imaginários e seres incríveis.
- Porque vossa majestade assim ordenou. Venha, saia da água.
Ele ensopava o chão de pedra lisa e escura, logo enrolado por uma toalha de linho e perfumado com gotas de sândalo em sua nuca. Lamiak era caprichosa e sabia como cuidar do pequeno príncipe lhe vestia com uma túnica em azul profundo, sandália de couro escuro e em seu peito pendurava o medalhão cerimonial, dado ao pequeno por seu pai.
- Está pronto. Agora vamos, sem demora.

                                  Pinturas nas paredes do castelo de Akrumith

Helena diz:
   Ela acompanhou a Rainha até os degraus mais altos imitou molhando os pés.
 - Meu nome é Hanya, sou a Senhora deste lugar...e hoje em diante, você será minha filha... 
  Dizia ao que lhe afagava os cabelos louros, os pequenos cachos dourados que a menina tinha* - Será a minha mãe?...
  Ela não sabia o que era aquilo, pois nunca tivera uma, morta por saqueadores junto do pai, apenas sobrara ela com quatro anos e depois daquilo fora encaminhada a uma entidade religiosa, até receber o chamado e ser levada a aquele lugar
 - Sim, serei...pode pedir tudo que quiser, nunca vai lhe faltar nada     Helena    ...
Ela sorriu sentando-se em um dos degraus, a menina logo se achegou à ela, abraçando a mulher.
 - Estou feliz de estar aqui...Hanya...
Disse em tom ameno, as covinhas coradas, sentindo-se bem...aquele carinho e colo era algo que sempre quisera.
 - Você vai se tornar uma linda mocinha um dia, e desde já vai receber instruções uhn?...
Helena prestava atenção no que dizia, mas nem tudo entendi, mas sorria contente por não estar mais entre aquelas paredes frias de onde viera.

Pinturas nas paredes de Akrumith

Athos diz:
 O pequeno Athos disparava pelos corredores, ultrapassando arcos encobertos por cortinas de crepe suave e acortinados pesados em ouro e seda, repletos de significados que ele ignorava em sua tenra idade. Conhecia de cor todo o caminho, toda a aspereza das pedras soladas e douradas como o sol quente do lado de fora, que enchia o palácio de vida. Ultrapassava um grande pátio aberto onde soldados se reuniam em exercício e adentrava um átrio repleto de altos e belos híbis, folhas verdes e novas de papiro e uma fenda d'água que criava três degraus de pedra branca até uma sala quadrada repleta de escritos. Homens velhos caminhavam por lá, com seus mantos e túnicas escuras, barbas prateadas e olhos apertados, sempre fazendo caretas com a corrida descompassada e cheia de ruído que Athos fazia ao passar, entrando por baixo das mesas e fazendo os estudantes nas mesas de pedra rirem baixinho por trás de seus pergaminhos.
- Malek! Malek!
 Os braços longos do garoto apertavam a cintura de um garoto mais velho do que ele, que se curvava com o abraço súbito. Era mais alto do que Athos e seu porte denunciavam que já havia alcançado a idade dos treinamentos e dos estudos, de preparar-se para o que lhe aguardava. Seus cabelos escuros e curtos estavam presos por uma tira de cordão dourado e seus olhos tão azuis quantos do pequeno não exibiam tanta luz. Apenas seu sorriso era largo como uma nau, pegando o pequeno pelas axilas para ver seu rosto.
- O que você está fazendo aqui? Sabia que Agnócio vai cortar seus cabelos se te vires por aqui de novo, pequeno irmão?
- Não!
Athos apertava os dedos em torno dos cabelos e ria ao ser posto o chão pelo mais velho.
- Vim te contar que derrotei Laurus outra vez! E dessa vez eu não chutei a canela dele, como você me disse para não fazer.
Malek ria e afagava os cabelos do mais novo, abaixando-se e tocando o chão frio com um dos joelhos.
- Isso mesmo. E não pode bater em nada que não seja da cintura pra cima, lembra dos movimentos? 
Os dois simulavam uma pequena luta, que claro Malek vencia, carregando o pequeno sobre os ombros seguro pelas pernas. O mais velho dos príncipes não devia ter mais que seus quinze anos e sua educação era rígida e muito dele era exigido, afinal seria dele o trono onde seu pai agora se sentava.


Helena diz:
  Hanya curvou-se e lavou os pezinhos pequenos de Helena com delicadeza para depois calcá-los em suas sandálias, afagava-lhe os cabelos a todo o momento deixando a menina acostumar-se com sua presença e afeto.
- Vamos para dentro, já nos refrescamos, não é?
 - É sim...
Respondeu ela, buscando a mão de Hanya, seguindo seus passos olhando para ela abismada. Fora guiada durante o caminho todo, conforme passavam pelos cômodos vaiam-se desenhos diferentes pintados nas paredes, ilustrações da colheita, o cultivo dos animais e a construção de novos templos, aquilo tudo parecia fascinar a Helena que por vezes parava o caminhar para olhá-las.
 - Vamos você vai ter muito tempo para ver tudo isso...
Hanya falava docilmente. Passaram por um grande arco, e subiram alguns degraus, até que uma criada apareceu parecia esperá-las.
 - Então é ela majestades!?...
A mulher deveria ter seus trinta anos de idade, tinha pele escura como barro, olhos negros muito profundos e era bastante abastada, seios grandes e uma cintura de se invejar, estava vestida de branco.
 - Venha com a Nanai, ela vai te banhar...
Dizia a negra, convidando-a a adentrar o espaço.
 - Deve estar pronto o quanto antes, quero apresentá-la aos outros devidamente...
Dizia Hanya, a criada fez que sim e levou a menina para dentro, era um quarto espaçoso com uma grande cama, haviam tapetes coloridos, mas as cortinas eram brancas assim como a colcha de sua cama, muito próximo da janela havia uma grande tina de porcelana clara. Helena seguiu as instruções da mulher negra e despiu-se com sua ajuda, adentrando a tina, onde não demorou-se a terminar seu banho, tirando todo aquele suor da viagem, para então ser agraciada com uma lavanda de pétalas de jasmim, a túnica clara de tom bege serviu-lhe perfeitamente e os cabelos foram penteados, mas logo voltaram a seu modelo habitual, cheio de cachinhos.
 - É muito grande aqui... Você mora nesse lugar?...
Perguntava a Nanaia que sorriu para si.
 - Há muito tempo, é um lugar maravilhoso... Vamos Hanya a espera...
Agora a calçar sapatinhas brancas ela podia andar com mais facilidade e dava alguns giros sentindo o tecido fino e gostoso sob o corpo, sorria contente* - É lindo aqui...

Interior do castelo principal do Reino de Akrmith

Athos diz:
 Lamiak arfava quando chegou à sala de estudos e se curvou muito pesadamente diante do príncipe herdeiro, deixando suas tranças negras tocarem o piso claro. Ela carregava nos braços uma peça de tecido claro e um curto cajado dourado e azul, o sinete do pequeno príncipe. Aproximava-se de Malek sem erguer seus grandes e negros olhos, vendo apenas seus pés e escutando o sonoro e delicioso riso de Athos.
- Deve estar procurando por este pequeno lobo lutador, não é Lamiak?
- Sim, alteza.
Malek girava com Athos em suas mãos, deixando o pequeno ver em um giro toda a extensão clara e bela da sala onde estavam. Dava gargalhadas e assim que os pés do pequeno tocavam o chão, ficavam firmes como raízes, pressionando os dedos e a planta do pé com força. Mesmo que sua cabeça desse voltas, ele não fechava os olhos e seu irmão se abaixava para olhar para ele.
- Muito bem, Athos. Não importa se o mundo girar ao seu redor. Você tem que permanecer...
- Firme.
Era o maior ensinamento de seu irmão e Athos o amava tanto que sua bochechas coravam apenas de vê-lo. Abraçava-o pelo pescoço, arrancando mais um sorriso dos belos dentes de Malek e corria para os braços de Lamiak, que o enrolava no manto cálido antes de se erguer.
- Leve-o até meu pai, Lamiak. Logo me juntarei a vocês.
- Sim alteza.
A aia dava as costas, levando o pequeno em seus braços fortes e Athos olhava para o irmão através dos cabelos perfumados de Lami, vendo-o recolher seus tantos papéis e livros com sua determinada atitude.

Helena diz:
- Existem muitas coisas dentro e fora do castelo, você vai gostar daqui pequenina...
 Dizia a mulher, caminharam mais um pouco até alcançarem uma grande sala. Um homem estava sentado em uma grande cadeira e parecia olhar muitos papéis sobre esta ao que escutava a Hanya.
 - Ela virá logo...Oh! Ai está venha querida não tenha medo...
  O homem ergueu-se da mesa era alto e forte, vestia uma túnica branca com vários bordados em ouro, sua barba era bem visível, aveludada, suas mãos eram grandes e continham alguns anéis, assim como o pescoço mantinha-se um rico colar egípcio no formato de um olhos pintado a mão de azul e dourado. Helena aproximou-se um pouco receosa pelo tamanho do homem.
 - Este é Athum meu esposo e pai de meus filhos... Ele é o Imperador de Akrumith...
 O homem abaixou-se um pouco tocando-lhe o topo da cabeça alisando-lhe os cabelos.
 - Ela é bonita... - Disse ele.
 - Sim é uma flor rara meu querido...

                                                 Imperador Athum
   Athos diz:
 As sandálias de Lamiak faziam um ruído baixo, mas característico quando alcançaram o piso delicado onde pisaram. As vozes nobres que escutava eram um sinal de seu breve atraso, afinal deveria estar com o menino muito antes da Imperatriz se unir a seu marido e isso era uma lástima para a aia, que descia o pequeno príncipe de seus braços e se curvava diante de seus senhores.
- Mamãe! Mamãe!
 O pequeno vencia a distância entre o portal e a longa mesa com muita facilidade, mas parou de correr rapidamente, apertando as sobrancelhas em uma careta de desconfiança para aquele monte de cabelos dourados como palha, cintilando abaixo da mão cheia de anéis de seu pai. Cruzou imediatamente os braços, segurando o sinete dourado em uma das mãos, fazendo um bico com a boca rosada.
- Quem é isso? *Apontava para a menina, sem se referir à ela como alguém, mas como algo que os pais deviam ter adquirido, como adquiriam cavalos e serviçais. A aia correu para perto dele e se ajoelhou ao lado do pequeno, lhe sussurrando.
- Comporte-se. Agora, cumprimente seus pais como lhe ensinei, pequeno Athos. 


Helena diz:
  Hanya riu-se ao ver as expressões e comportamento do filho caçula.
 - Athos não é assim que se fala com uma Dama uhm?...
 Referindo-se a menina, que logo virava-se e abraçava as pernas da Rainha, mordendo o lábio inferior ao que encarava o menino, seus olhos azuis eram de tom muito claro assim como sua pele cor de leite. Athum aproximou-se do filho e sorriu.
 - É assim que me recebe principezinho?...
  Abria os braços para ele como se cobra-se algo de si. Nanaia retirara-se aguardando do lado de fora sem nada dizer, sabia que era um momento em família aquele, antes do jantar que já estava sendo preparado, apesar do sol manter-se firme ao fim do horizonte a perder-se entre as pequenas nuvens brancas.

  Athos diz:
 Athos ainda olhava enciumado para aqueles cabelos enquanto se mexiam e acabavam sumindo por trás das pernas da Imperatriz. Não via dama alguma ali, seus olhos estavam presos naquele movimento exagerado de dourado e branco que mesclava a cabeça e o corpo da menininha e só notou a cor dos olhos dela quando sua mãe se moveu.
 - Pai!
 Choramingava, abrindo os braços para se pendurar no pai imediatamente e aninhar o rosto entre seu pescoço. Apenas dali espiava a criaturinha nova que sua mãe protegia e ficava atônito ao notar como era diferente, a cor da pele e os intrigantes traços do rosto.
 - Então, esta é a surpresa, minha mãe? 
 O arco central era vencido pelos firmes passos do príncipe herdeiro, que se curvava diante dos pais e sorria, aproximando-se deles e tomando a mão direita da mãe para beijá-la.
 - Perdoem-me, mas Agnócio me reteve em alguns testes esta manhã.
ao fim do horizonte a perder-se entre as pequenas nuvens brancas.


  Helena diz:
 Athum abraçou ao filho pegando-o no colo ao que sorria ao ver o filho mais velho adentrar ao recinto, a menina arregalou os olhos ao ver o rapaz e apertou as vestes de Hanya que a buscou com as mãos e a pegou no colo, apesar da idade era pequenina e não pesava muito, beijou-lhe a bochecha carinhosa alisando seus cabelos.
 - Isso mesmo, o nome dela é Helena... Venha cá querido...
Chamava-o.
 - Helena este é Malek... E este outro mocinho Athos...
 Apresentava-os.
 - Ela é uma menina muito especial e talvez um dia quando virar uma linda flor poderá ser sua esposa...
Dizia a Malek, parecia convicta do que dizia, Athum riu-se e disse.
 - Isso é algo precipitado a se deizer agora, a menina mal chegou...
  Helena piscou algumas vezes e abraçou-se a Hanya, ela era linda mesmo ainda menorzinha.
 - Filho venha aqui...
  Disse o Rei, caminhando com Athos no colo o pôs no chão e então sentou-se em um dos recantos cheios de almofadas coloridas, recidos fofos e macios, parecia bastante à-vontade com a família. Hanya olhava-os e sabia que era importante aquilo.
 - Não me restam muitos anos como sabe...
  Os filhos a ele vieram muito tardios, Athum já havia passado dos quarenta anos e sua esposa alcançou a marca dos trinta, o que era algo excepcional para aquela nassão.
 - Por isso devo adverti-lo que é crial o seu empenho para que possa suceder-me e cuidar de seu irmão...

 Athos diz:
  Os olhos profundos de Malek conseguiam desenhar o belíssimo rosto de Helena antes mesmo que sua mãe lhe pedisse que se aproximasse. E ele como o mais velho e o futuro líder do Império, desejou internamente que ela fosse sua esposa, conforme o grado de sua mãe.
- Seria uma honra, minha mãe. Como é uma honra conhecê-la, bela Helena.
  Mas os olhos de Athos estavam espiando por entre a barba do pai, que o carregava pela sala até as almofadas. Seu olhar não possuía a mesma pontiagudas dos de Malek, eram afáveis e sonhadores, corajosos e enquanto sei pai lhe tecia a verdade diante dos ouvidos distraídos, ele ergueu as mãos, apoiando-se no peito carinhoso do monarca.
 - Pai... Eu quero me casar com ela também.
  Dizia firmemente, as safiras em seu olhar contornado de negro demonstrando a seriedade do que falava, mesmo com sua idade.
 - Juro que vou cuidar do Malek pro senhor.
 Com um riso o mais velho escutava as palavras do menor e afagava os cachos definidos como ouro na cabeça da preciosa menina.
 - É preciso que os estudos de Athos comecem logo, meu pai. Já passa do tempo dele tirar a mente desses tolos devaneios!

Song: REMEMBER ME with subtitles - Josh Gorban

           http://www.youtube.com/watch?v=qPNY8NaVPBE



  Helena diz:
   Athum escutava o filho mais novo e afagou-lhe os cabelos.
  - Você será um grande homem um dia e ajudará a seu irmão sempre que ele precisar!...
  Indicava que se senta-se a seu lado, ao que dava atenção a Malek
 - Não queremos que seja outra, esta menina é muito especial, o oráculo a viu a muitas milhas de nossas terras...Ela está predestinada a trazer a perpetuação de nossa família...
  Hanya aproximou-se e se sentou próximo à eles.
 - Athos venha cá, deixe sei pai falar com seu irmão, não interfira venha a mamãe está pedindo...
  Deixava que Helena se acomoda-se entre as almofadas ela parecia maravilhada com todas aquelas cores e tipos de tecido, olhou o menino de longe e disse.
 - ele não gosta de mim...Hanya...

 Athos diz:
  - Sim, papai.
 O pequeno se sentava entre as almofadas, abraçando rapidamente a que mais adorava dentre todas elas, uma de tecido negro e macio onde um bordado delicado desenhava um grande lobo prateado abaixo das estrelas. Os dedinhos de Athos contornavam as formas do animal, suas patas e os dentes serrilhados, os olhos pontiagudos no fundo do tecido e quase se assustava com a voz da mãe, tão próxima e tão vaga. Mas carregava a almofada embaixo dos braços até se aproximar da mãe e apoiar-se ao lado do corpo dela, aspirando seu perfume cálido, o toque inigualável de suas roupas que faziam com que parecesse uma deusa e não uma mulher.
 - Você tem cabelos de ouro. Por que eu gostaria de você? O ouro nunca morre e um dia meu pai vai morrer, minha mãe também e eu, como um grande general. Mas você vai viver pra sempre...Porque tem cabelos de ouro, como as estátuas. A sinceridade de da língua do pequeno era notável. Não se tratava de maldade,   mas a forma com que Athos interpretava aqueles fios tão bonitos e que não entendia como podiam nascer da cabeça de uma menina que tinha a pele como das mulheres esculpidas na fonte.
 - Pois será ela, meu pai. 
  Obediente, Malek aceitava a indicação do pai, curvando o rosto com um sorriso de satisfação, pois desejava ardentemente ser digno do lugar do pai. Quão grandiosas as coisas que faria ao alcançar seu posto e se Helena era o modo mais rápido de conseguir um herdeiro para seu futuro reino, que assim fosse.

   Helena diz:
  A menina ficou intrigada com o que ele disse sobre morte e lembrava-se sempre das palavras em sua reclusão, que todos pereceriam e apenas ela ficaria, mordeu os lábios e pareceu querer chorar, demonstrando através das feições delicadas a tristeza que aquelas palavras faziam na se sentir, uma lágrima escorreu por sua bochecha em tom cristalino.
 - Oh pequena, não foi isso que ele quis te dizer...nós não vamos morrer...   shu, shu...
  Fez carinho em suas costas e depois inclinou-se segurando Athos pelo braço o trouxe para perto fazendo-o deitar-se em seu colo ao que lhe afagava os cabelos.
   - Você não pode dizer isso à ele meu amor...ela é como você, só que tem pele clara...
  Instruía a mãe. Athum sorriu com a aceitação do filho e disse.
  - Eu me orgulho de você, vamos logo o jantar será servido...e filho, a tratará sempre como sua companheira, a confiança e amor são o fruto de sua dedicação seja paciente, sim?...

Salão dentro do castelo de Akrumith

    Athos diz:
  - Por que não, mamãe? Não é verdade isso?
 Para sua idade, Athos era muito realista. Aprendera aquelas palavras mais duras por seu contato com o irmão, sempre centrado em sua forma linear de ver o mundo, infectando um pouco da inocência do irmão com o que acreditava.
 - Desculpe.
 Athos erguia os olhos para a pequena e sorria, seu jeito maroto de moleque quando sorri. Sua mão se soltava da almofada de lobo para segurar a lágrima da pequena e rir baixinho.
 - Podemos ser amigos se você parar de chorar.
 E alheio à conversa de crianças, Malek estava feliz pela confiança de seu pai e assentia com suas sábias palavras.
 - Ela será feliz, meu pai. É muito cedo ainda para nos preocuparmos, mas gostaria que ela fosse educada para ser Imperatriz, para ser minha mulher.
  Os serviçais surgiam aos arcos e anunciavam a refeição, abrindo as cortinas da sala para que os nobres pudessem atravessá-la e seguir ao salão principal de onde o cheiro da comida vinha bailando nas narinas.

  Helena diz:
  Helena piscou algumas vezes observando o menino e disse.
 - vamos brincar então...todo dia?...
   Hanya ria-se e falava ao que se levantavam.
 - Poderão sim, venham é hora da refeição...
  A menina logo ergueu-se e foi colada a barra da saia de Hanya, ao que Athum guiava os filhos para o salão principal, ali Helena provou de todos os tipos de sabores, desde os mais azedinhos, aos salgados e doces e seus olhos pequenos pareciam brilhar como estrelas a cada mordida, gostaria principalmente dos pêssegos! Adorara-os. Os dias no castelo que se seguiram, Helena pudera desfrutar de todas as maravilhas que ali se podia ter, escutava histórias, brincava de pega-pega, adorava fazer casquinhas em Athos! Ele sorria muito, pular no lago e jogar água espantando os pássaros era algo divertido, mas logo as instruções não tardaram a chegar aulas para saber se portar a mesa, seguir os toques de recolher, acordar cedo, aprimorar sua escrita e pronúncia do idioma. Em poucos meses parecia uma cidadão completa, apesar de nova aprendera rápido e em dois anos já tinha aulas que abrangiam elementos químicos de poções e remédios.
  Em relação à Malek por vezes passeava com ele pelos jardins do castelo, mas não era tão divertido quanto estar com Athos, Malek era bonito e a fazia corar com facilidade, mas ao mesmo tempo parecia ser muito duro consigo mesmo o que afastava a menina de si.

  Athos diz:
  Durante o jantar que pretendia ser como qualquer outro, os olhos cintilantes do pequeno príncipe não seguiam nada que não fosse parecido com as risadas de Helena e o movimento do próprio garfo, para não perder o rumo da boca. De todas as lembranças que Athos tivera de sua infância, nem mesmo todas suas vitórias sobre Laurus e as outras que viriam contra tantos outros meninos da corte, tinham tanta cor quanto àquela noite, a noite do primeiro banquete da menina com cabelos de ouro. E mesmo que desejasse não notar, Malek via aquele sorriso na boca do menino irmão e tentava impor em sua mente que se tratava apenas da curiosidade de uma criança.

  Com o tempo, implacável e inesgotável, as rotinas foram se modificando. Das risadas e lutas entre os jardins, Athos passou a ver muito menos e sua presença junto de Helena era regrada há poucos minutos antes do jantar. Tinha apenas um ano a mais do que ela, mas as mulheres já o tratavam como se fosse um dos adultos que não podiam ficar muito tempo perto de uma dama. Dedicava suas manhãs, tardes e muitas noites ao estudo e Malek o auxiliava nos severos treinamentos sob o sol, no controle sobre seus músculos e sua mente, nas políticas, letras e literatura. Ás vezes Lamiak permitia que o pequeno aprendesse um pouco de música com as mulheres, mas não era mais tão pequeno para se ocultar no meio das saias delas.

 Quando completou seus quatorze anos então, Malek presenteou o irmão com um belo potro baio, de sangue puro, o cavalo que serviria ao irmão quando lutasse em seu nome. E confiavam um ao outro nas questões do trono, da família, mas não no que se referia à ela...Helena.
  Malek trazia presentes à pequena, das viagens que fazia em nome de seu pai às cidades de seu Império, mas seus modos não pareciam fazer efeito sobre a menina que desabrochava, diferente do sorriso que via brotar no rosto dela diante do irmão mais novo. E isso logo se transformaria em um problema, se não fosse evitado.