sexta-feira, 8 de junho de 2012

O despertar de Adama 

Cidade de Adama - Metrópole

Song: Inner Universe (Gost in the Shell)
http://www.youtube.com/watch?v=EIVgSuuUTwQ&feature=related

Ian Levi Capell diz:
Eram cerca de onze horas da noite quando escutou-se alguém bater a porta da casa com certa força- 
- ABRAM! ABRAM!...
-Era a voz de um homem, todos na casa já haviam se recolhido. Naquela residência moravam os Levi Capell, uma família pequena dentre tantas outras de Adama, composta por um homem adulto, sua esposa e dois filhos mais novos, um rapaz e uma menina. Com tantas batidas Elísea acordou assustada- 
-  Mamãe! mamãe!...
-Chamava a menina de seu quarto, o pai logo acordara e disse- 
- Não saiam do quarto, vá buscar ela...
-E em alguns minutos ele abriu a porta, Godrick tinha seus 39 anos de idade, barba por fazer, expressões severas nos olhos, apenas o lampião fora da casa a iluminava, de telhado feito de barro, e paredes firmes construídas de tijolos vindos da praia, material que obtivera dos cascalhos da região, dando uma aparência à moradia no tom acinzentado, mas natural, a qual não necessitava de pinturas. O número na porta indicava: casa 102 dos Levi Capell. 
- Boa noite...
-Disse enrustido ao homem. Edite correu ao quarto abraçando a filha pequena de apenas 8 anos, sentando-se a cama da pequena- 
- Calma está tudo bem...
-Dizia ela, o homem a porta era um cobrador, porém à hora fora muito inesperada.

Damyen Merikh diz:
 As chamas bruxuleavam contra as paredes douradas do grande salão. A noite já era longa para os cinco homens que sentados em torno da grande mesa negra, debatiam. Seus olhos eram escuros e vazios, vagos, perdidos entre um emaranhado de rugas e marcas de um tempo longo e digno, mas cruel. Suas vozes não se erguiam e pareciam reverberar pelos corredores como uma ladainha, um recital de palavras perdidas em sua própria língua.
- Há quanto eles estão ali? 
O jovem impaciente caminhava para os lados, uma fera enjaulada dentro de si mesma. Aahren tamborilava os dedos e apertava os lábios de ansiedade e tortura, observando o salão por entre os pilares negros que se erguiam do chão até as abóbadas ricamente ornadas em ônix e ouro.
- Tempo o suficiente. Mas devem encerrar logo. 
Aquietava o Marechal de braços cruzados, costas postas contra a parede escura do corredor. O nobre Edali Belkam estava de olhos fechados a longos minutos de espera, tentando evitar que o tédio e a morosidade tomassem conta de seus ombros pesados pela vestimenta de batalha. Alguns passos se aproximaram deles, passos leves, mas uma presença que agitou as chamas. O homem que se aproximava tinha cheiro de sangue e teias de aranha se emaranhavam em seus cabelos em ondas. Estava molhado da chuva leve que a noite trazia e cumprimentava os demais com um meneio do rosto oculto de sombras.
- E a caçada? 
 Aahren logo perguntava inquisitivo, sobrancelhas erguidas num ato de desaprovação.
- Apenas dois. Nada que entre para os anais e contos. E o Conselho? 
A voz suave parecia fria, firme. Como um vento forte que uiva com a experiência do inverno. Edali sorriu com os modos do recém-chegado.
- Devem terminar em alguns minutos, creio. Estão aí desde o amanhecer de dois dias atrás.
- A lua vermelha é, em dois dias... 
Aahren rangeu os dentes, passando as mãos pelos cabelos prateados, coçando os olhos de rubi numa mania incessante quando estava nervoso.
- Então temos tempo.

Song: Rise - Origa 
http://www.youtube.com/watch?v=UJjscA9Zvcw&feature=related

Ian Levi Capell diz:
- Sinto incomodar a esta hora, mas minha viagem foi longa até chegar a esta cidade. Sou Atoran Ferh, e estou aqui para que seja cumprido a justiça... 
Grodrich arqueou uma das sobrancelhas, respirou fundo e disse. 
-Volte pela manhã, já passa da hora...
O homem tirou um pergaminho de sua mala e o estendeu, havia uma fita vermelha ao redor deste, que fora recebido pelo morador.
- Eu só vim entregar isto, tenham uma boa noite!...
E após isso se retirou da porta desaparecendo entre as brumas da noite. Godrich adentrou a casa fechando a porta, dirigiu-se até a sala e abriu o pergaminho, nisso sua esposa vinha à sala ninando a filha pequena nos braços.
 - O que houve?...
Ele ergueu seus olhos e disse.
- Não é nada, vá deitar amanhã conversamos...
Ela suspirou voltando ao quarto, era do tipo de mulher obediente, que não afrontava o marido. Ele passou uma das mãos na testa sentindo um pequeno suor lhe escorrer pelos dedos da mão, ali dizia: Senhor Godrick Levi Capell, através deste pergaminho venho lhe cobrar o que me é por direito da família Darhan, seu prazo está se esgotando tens dois dias e três noites para comparecer com a quantia de 10 mil libras em nossa presença, caso contrário algo de tal ou mais valor que o Senhor possua tornara-se nossa propriedade, não tentem fugir, pois será pior. Ele enrolou o pergaminho, estava apreensivo e um pouco nervoso, era um tempo muito curto para se adquirir tal quantia!

Damyen Merikh diz:
Não conversavam e a respiração dos três nobres guerreiros era curta e compassada, mas movendo as chamas das velas próximas deles. O recém chegado levava as mãos à face forte e exótica, de pele clara e marcada com traços breves e cheios de expressão. Limpava a lama e as teias da fronte, empurrando os fios dos cabelos negros para longe da pele. Lorde Merikh era um homem respeitado e sua palavra não costumava ser ignorada ou repreendida. Trocavam breves olhares, Edali, Aahren e ele, com seus olhos vermelhos sangue, pedras preciosas e cintilantes com o dançar das chamas próximas. Foi quando a atenção deles foi chamada por uma presença próxima.
- O Conselho pede que os senhores se aproximem. 
 A jovem escrava possuía o corpo curvilíneo coberto por faixas de organza negra que apertavam suas carnes e expunham seu colo farto e dourado de sol. Seus cabelos ruivos caiam em cachos fartos sobre os ombros, enfatizavam os prazeres que seu corpo devia proporcionar e cobriam as marcas e hematomas que haviam em seus pulsos e pescoço. Os olhos vazios da mulher não ousavam fitar os nobres e se - afastava para que eles caminhassem pelo salão.
O chão de mármore frio refletia os senhores e os anciões reunidos à frente, que se moviam para observá-los entrar.
- Hnanná! - Saudavam os guerreiros.
 - O Conselho chegou ao veredito desde ano que começa na noite de amanhã. Delimitamos seus propósitos mais uma vez.
Os três grandes homens se curvavam e batiam com seus joelhos no chão do salão, mantendo seus rostos baixos. O ancião que lhes falavam era Taür Ghuirter, jizzah do norte. Estava em pé diante da mesa e era mais jovem dentre os outros.
- Este ano a caçada ficará à cargo da Companhia do Falcão e o Exílio será do Magistrado dos Leões. - Edali e Aahren sorriam, curvando-se e prestando uma reverência rude com suas mãos, típicas de homens das batalhas. 
- E você, Damyen Merihk. Como foi a caçada em que esteve todo este tempo? Ouvimos dizer que a família de Lattura Darhan desejava anular o rito de noivado. 
Alfinetou, com risadas dos demais anciões.
- Pode responder por si mesmo, alteza. 
Com um momento, Damyen soltou da cintura uma bolsa de couro rude e vermelho, arremessando-a sobre a mesa negra. Imediatamente a bolsa esparramou-se e dela sangue escuro espalhou-se, fazendo os velhos saltarem para longe da mesa.
- Duas cabeças... Dois líderes.

Residência dos Levi Capell 

Song: Portishead – Roads
-  http://www.youtube.com/watch?v=Vg1jyL3cr60

Ian Levi Capell diz:
Naquela noite o homem não conseguira dormir, revirou-se em sua cama muitas vezes e apenas quando o sol estava para nascer que pela exaustão fora engolido pelas sombras caindo em um sono profundo, porém o trabalho urgia e em menos de duas horas a esposa o acordara, esfregara os olhos sonolento. Ela se levantou pegando um robi no armário o vestindo indo acordar os filhos, quando bateu a porta do mais velho e abriu ele estava já de pé arrumando a roupa.
- Bom dia filho...
Ele se voltou para ela e sorriu, tinha uma estatura mediana cerca de 168 cm de altura, pele clara, e seus cabelos eram longos de cor negra.
 - Bom dia Senhora minha mãe...
Caminhou até ela e tomou uma de suas mãos a beijando, gentil. Estava arrumado, com calças de linho marrom, uma blusa de mesmo material verde musgo de manga cumprida, um cinto de couro e botas de mesmas confecção, marrom escuro.
 - Seu pai está se aprontando, não demore vou servir o café...
Nisso ela se retirou e foi para a cozinha preparar a refeição. Godrick por sua vez estava de muito mal humor arrumou-se como deu e apareceu na sala, como uma -expressão nada amigável. O jovem Ian logo apareceu, estava com os cabelos arrumado em um pequeno coque, e o restante em um rabo de cavalo mais curto.
-Bom dia pai...
Disse sentando-se a mesa já servida de pão, ovos e leite.

Damyen Merikh diz:
Os guardas do salão se aproximaram da mesa e abriram a bolsa com auxílio de suas longas lanças douradas. As cabeças rolaram para fora da bolsa já azuladas, frias e rígidas, parecendo com bonecos deformados. Alguns anciãos cobriam os narizes e lábios com as mangas longas de suas túnicas negras e douradas.
- Sacrilégio! - Gritaram enquanto Damyen se erguia e aproximava-se da mesa, tomava a primeira das cabeças entre as mãos. Era a cabeça de um jovem de cabelos cor de palha, obscurecidos pela violenta morte.
- Grimah, Olhos de Raposa. Combatente muito ágil... Mas não conhecia nossas redes de batalha. 
Com tamanha calma, o nobre apanhou a outra cabeça, de uma mulher. Seus cabelos haviam sido cortados bruscamente pela espada. 
- Hálima, Serpente da Fronteira... Há quanto tempo ela não vinha ameaçando o Conselho com suas visões? Digam-me...
As cabeças caiam sobre a mesa lisa e rolavam como bolas pesadas até cair no chão com um som oco. Os olhos de Merikh cintilavam em brasa.
- Ainda vão debater sobre tolices e ritos de noivado ou podemos logo estabelecer o que meus homens farão no Ano novo?

Ian Levi Capell diz:
Eles iriam ao centro naquele dia comprar algumas provisões, mas pela expressão que via em seu pai, ele não parecia nada bem.
 - Aconteceu alguma coisa?...
Perguntava servindo-se dos ovos mexidos com o pão. A mãe se retirava do ressinto, indo se trocar, ela tinha traços delicados e gentis, o oposto de seu marido, os filhos assemelhavam-se por sorte a ela, Ian principalmente que ao manter os cabelos longos, por vezes era confundido na lavoura a qual trabalhavam juntos, mas ele não se incomodava ainda, jovem nunca ligara para nada a não ser ajudar a família e pensar em seus estudos futuros.
 - Tenho coisas a resolver, mas temo não conseguir...Caso isso ocorra...
Fez uma breve pausa.
- Deve levar sua irmã e mãe para longe daqui Ian...
Dizia ele num tom sério bebendo um gole do leite fresco, o rapaz estranhou muito aquilo, franzindo o cenho.
- Como assim!?...Não entendo...
Godrick pôs o copo na mesa vazio e disse.
 - Faça o que eu MANDO!...
Era a última palavra que saíra ao que ele se erguia pegando um pão, indo comer na varanda. O pergaminho por sua vez estava guardado dentro de sua roupa
-desde a noite anterior. Quando terminaram o desjejum Ian pegou uma bolsa de couro grande e saiu, despedindo-se da mãe que sorria acenando para ambos.
- Voltem logo!

Damyen Merikh diz:
Os olhares do Conselho se cruzaram pelo salão em um silêncio velado, movimentos contidos e lábios crispados que não atenuavam as rugas da boca de cada um dos velhos. Ganaur da Ala Leste foi o primeiro a dizer algo. Era muito alto e sua barba era muito longa, amarrada com diversas fitas vermelhas.
- Este ano, nossos irmãos de Bahir virão fazer parte das tradições do ano novo, como sabe Coronel. Mas nossa cidade irmã não possuí muito a oferecer à Agra, portanto os jizzahs nos ofertaram um mercado mais..."rico" ...este ano. Como a caçada e o exílio já foram nomeado, caberá aos seus homens a Vigília, Merihk.
Damyen franzia as sobrancelhas negras, seus olhos chisparam e os dentes rangeram ruidosamente, um cão diante de um inimigo. Mesmo desgostoso, o nobre coronel ajeitou as vestes sujas e rasgadas, a capa longa e maltrapilha até a altura dos joelhos, cheia de lama, sangue e plantas. Sua nobreza e altivez o faziam notável mesmo diante de tal estado e os velhos Jizzahs do Consleho estremeceram quando ele os olhos de cima para baixo com seus olhos brilhantes.
- Apanharei duas forças na fronteira então.
-Não. 
Ganaur intervil, erguendo a mão num sinal de espera. - Existe um carregamento dos Vallarymares, um carregamento que muito interessa à corte, Merihk. Ele chegará à fronteira com a Floresta Branca...
-Escravos? 
 Uma única sobrancelha se ergueu no rosto de Damyen, entre os cabelos molhados que teimavam em cair.
- Dê-se por satisfeito. Não podemos por em risco a cabeça do futuro Chanceler das Armas, não é mesmo? Afinal, é este o renome de lorde Darhan, não?

Montaria 

Ian Levi Capell diz:
Saíram da casa, cada qual montando um cavalo, o de Godrick era mais novo e alto e forte de tom amarronzado claro, sua estrutura era conivente com seu dono, o de Ian era malhado, todo branco, mas com algumas manchas em outros tons, eram mais jovem como um potro lembrava, ajeitou a mala de lado ao corpo pegando-lhe as rédeas e partiram, dando pequenos estímulos aos animais que os obedeciam em pouco tempo. Na casa tudo estava tranquilo a pequena menina brincava em seu quarto com as bonecas de pano ao que a mãe arrumava todos os quartos.
-Deveria buscar um bom empréstimo, você deve ver os mantimentos Ian...
Dizia seu pai, instruindo-lhe no caminho, ele assentiu que sim a ele e disse.
-Comprarei uma manta de carneiro também, eu posso não?...
Havia juntado uma quantia razoável, pois desejava para o frio que logo os alcançaria em poucos meses, via as montanhas ao longe, a estrada estava calma, feita de pedras e barro, o matagal não atravessa o barro espesso. O vento soprava ameno, parecia um dia bom para se sair ao mercado.

Song: Cyberbird - GitS SAC OST 2 
- http://www.youtube.com/watch?v=mfUpn6pJFrs

Damyen Merikh diz:
A resposta veio aos lábios de Damyen, mas morreu antes mesmo de se formar em palavras na língua. Seus dedos se contorceram em vontade, mas seu respeito e vida valiam muito para serem postos à prova diante de tão tolos velhos. Engoliu a própria vontade e deu às costas à mesa suja e aos anciões, passando pelos dois coronéis que ainda estavam prostrados diante do Conselho.
- Se este é o desejo, senhores. Será feito.
- Mais uma coisa, Merihk. 
 Ganaur seguiu, com um vitorioso sorriso, iluminado pelo dia que raiava entre as nuvens em Agra. 
- Milady Lattura, possuí uma carga entre este carregamento que deseja que você se assegure que chegue até ela. Procure por Noir entre os carroceiros...
O Coronel conhecia Noir, a cigana. Era conhecida em Agra como Mãos da Peste, pois seus dedos eram negros e longos, machucados por uma doença que havia comido a pele até os carpos. Ela era responsável pelos "cães", homens que serviam os nobres como guardas, criados ou cobradores. O serviço sujo da corte Agraniana. Damyen cuspiu no chão do salão, maldizendo o nome e saiu para o corredor sem esperar mais ordens. E as chamas das velas se apagaram com a passagem de sua capa. 

Ian Levi Capell diz:
A jornada até o centro da cidade fora percorrida em cerca de quase uma hora a cavalo em passos normais, sem pressa. O mercado estava cheio, parecia que as pessoas estavam se preparando para o inverno que chegaria, levando em conta que estavam na estação de outono e as folhas verdes agora tomavam em grande parte a cor amarelada, que muitas vezes se via nos tons alaranjados e vermelhos a caírem das copas das árvores. A mata continuava em seu tom verde escuro, porém folhada de tons claros.
-Siga e vá até o mercado, compre todos os mantimentos necessários apenas...
Grodrick entregou-lhe um saquinho, o qual continha moedas valiosas, Ian logo guardou dentro de sua bolsa junto ao corpo dando outro rumo ao cavalo malhado.
-Nos encontramos aqui em três horas!...
Avisava o jovem, afinal negociar era uma tarefa árdua, mas necessária. O pai fez que sim, o lugar marcado tratava-se da fonte central próximo ao grande mercado. Ali eles se separaram, e Godrick foi atrás dos fornecedores que poderiam lhe ajudar a pagar a dívida com o outro reino.

Damyen Merikh diz:
O coronel atravessou os corredores do prédio antigo respirando fundo, o sangue fervendo nas veias e atiçando a mente aos mais diversos desatinos. As ante salas do Conselho estavam cheias de nobres indo e vindo, muito ocupados com suas rotinas em criar casos, condenar prisioneiros, comprar terras e satisfazer suas vontades. Damyen não enxergava aquele mundo coberto com veludos e jóias, simplesmente passava por ele como um vulto maltrapilho cheirando à água lodosa e falta de banho, suor de homem, chuva e cavalos. Quando por fim alcançaram às escadarias de mármore o sol já passava pelos arcos abertos de onde o céu nublado trovejava alto, o vento sacudindo as flâmulas negras e vermelhas nas paredes.
- Coronel? Merihk?! MERIHK! 
 A voz que no princípio pareceu confusa tomou uma ordem magistral quando ampliada pela acústica da escada em espiral. Damyen podia escutar os passos rápidos e curtos em sua direção, assim como o farfalhar de diversas saias e correntes. Diante de tanto sangue e caos, a figura de Laturra Darhan era um oásis. Estava vestida em um corpete vermelho e tinha hexielas rubras em seus cabelos negros e lisos. A boca carnuda e delicada, o perfume reconhecível de mulher que exalava de sua pele, das roupas e da carne macia entre suas pernas.
- Damyen! 
 Laturra jogava-se sobre os ombros do coronel, fazendo-o recuar dois passos. Logo quis se afastar dele, fazendo uma careta que torcia sua boca de boneca.
- Mas que cheiro é este!
Ela reclamava alto, batendo as mãos delicadas e brancas contra o peito sujo do homem de Agra.
- Cale a boca. 
Era a gentileza de Merihk, que segurava-a pela nuca e tomava a língua de Laturra urgentemente. Ela não pôde conter um gemido dos lábios com aquele atrevimento e apertou os ombros dele com as unhas, soltando-se.
- Seu animal! - Batia as mãos contra o peito dele, tomando a compostura mais uma vez. 
- Devia se comportar diante dos outros. Não está adestrado o suficiente? 
 Ela ria. Elas riam. Laturra e as jovens da corte, que dos degraus escondiam-se atrás de leques e lenços com flores. 

Song: Ergo Proxy. Radiohead
- http://www.youtube.com/watch?NR=1&feature=fvwp&v=QzZcZXG7riA


Damyen Merikh diz:
A resposta veio aos lábios de Damyen, mas morreu antes mesmo de se formar em palavras na língua. Seus dedos se contorceram em vontade, mas seu respeito e vida valiam muito para serem postos à prova diante de tão tolos velhos. Engoliu a própria vontade e deu às costas à mesa suja e aos anciões, passando pelos dois coronéis que ainda estavam prostrados diante do Conselho.
- Se este é o desejo, senhores. Será feito.
- Mais uma coisa, Merihk. 
 Ganaur seguiu, com um vitorioso sorriso, iluminado pelo dia que raiava entre as nuvens em Agra. 
- Milady Lattura, possuí uma carga entre este carregamento que deseja que você se assegure que chegue até ela. Procure por Noir entre os carroceiros...
O Coronel conhecia Noir, a cigana. Era conhecida em Agra como Mãos da Peste, pois seus dedos eram negros e longos, machucados por uma doença que havia comido a pele até os carpos. Ela era responsável pelos "cães", homens que serviam os nobres como guardas, criados ou cobradores. O serviço sujo da corte Agraniana. Damyen cuspiu no chão do salão, maldizendo o nome e saiu para o corredor sem esperar mais ordens. E as chamas das velas se apagaram com a passagem de sua capa. 

Ian Levi Capell diz:
A jornada até o centro da cidade fora percorrida em cerca de quase uma hora a cavalo em passos normais, sem pressa. O mercado estava cheio, parecia que as pessoas estavam se preparando para o inverno que chegaria, levando em conta que estavam na estação de outono e as folhas verdes agora tomavam em grande parte a cor amarelada, que muitas vezes se via nos tons alaranjados e vermelhos a caírem das copas das árvores. A mata continuava em seu tom verde escuro, porém folhada de tons claros.
-Siga e vá até o mercado, compre todos os mantimentos necessários apenas...
Grodrick entregou-lhe um saquinho, o qual continha moedas valiosas, Ian logo guardou dentro de sua bolsa junto ao corpo dando outro rumo ao cavalo malhado.
-Nos encontramos aqui em três horas!...
Avisava o jovem, afinal negociar era uma tarefa árdua, mas necessária. O pai fez que sim, o lugar marcado tratava-se da fonte central próximo ao grande mercado. Ali eles se separaram, e Godrick foi atrás dos fornecedores que poderiam lhe ajudar a pagar a dívida com o outro reino.

Coronel Damyen Merikh

Song: Hyde - I Can Feel
- http://www.youtube.com/watch?v=MvIVKd6BJbU&feature=related

Damyen Merikh diz:
O coronel atravessou os corredores do prédio antigo respirando fundo, o sangue fervendo nas veias e atiçando a mente aos mais diversos desatinos. As ante salas do Conselho estavam cheias de nobres indo e vindo, muito ocupados com suas rotinas em criar casos, condenar prisioneiros, comprar terras e satisfazer suas vontades. Damyen não enxergava aquele mundo coberto com veludos e jóias, simplesmente passava por ele como um vulto maltrapilho cheirando à água lodosa e falta de banho, suor de homem, chuva e cavalos. Quando por fim alcançaram às escadarias de mármore o sol já passava pelos arcos abertos de onde o céu nublado trovejava alto, o vento sacudindo as flâmulas negras e vermelhas nas paredes.
- Coronel? Merihk?! MERIHK! 
 A voz que no princípio pareceu confusa tomou uma ordem magistral quando ampliada pela acústica da escada em espiral. Damyen podia escutar os passos rápidos e curtos em sua direção, assim como o farfalhar de diversas saias e correntes. Diante de tanto sangue e caos, a figura de Laturra Darhan era um oásis. Estava vestida em um corpete vermelho e tinha hexielas rubras em seus cabelos negros e lisos. A boca carnuda e delicada, o perfume reconhecível de mulher que exalava de sua pele, das roupas e da carne macia entre suas pernas.
- Damyen! 
 Laturra jogava-se sobre os ombros do coronel, fazendo-o recuar dois passos. Logo quis se afastar dele, fazendo uma careta que torcia sua boca de boneca.
- Mas que cheiro é este!
Ela reclamava alto, batendo as mãos delicadas e brancas contra o peito sujo do homem de Agra.
- Cale a boca. 
Era a gentileza de Merihk, que segurava-a pela nuca e tomava a língua de Laturra urgentemente. Ela não pôde conter um gemido dos lábios com aquele atrevimento e apertou os ombros dele com as unhas, soltando-se.
- Seu animal! 
Batia as mãos contra o peito dele, tomando a compostura mais uma vez. 
- Devia se comportar diante dos outros. Não está adestrado o suficiente? 
 Ela ria. Elas riam. Laturra e as jovens da corte, que dos degraus escondiam-se atrás de leques e lenços com flores.

Ian Levi Capell diz:
-Ian seguiu com o cavalo mais alguns metros, até que o desmontou, e o amarrou em um suporte, parada para aquele tipo de animal, pagou duas moedas a um homem para lhe dar feno e água, e cuidar do animal em sua ausência, ele caminhou entre algumas tendas até chegar a construção do grande mercado, haviam muitos produtos em barracas ao redor deste, mas vendiam outros utensílios ali, iria atrás das provisões alimentícios inicialmente. Puxava de dentro da bolsa uma lista, onde estavam demarcados tudo o que deveria levar. Ao avistar a construção do mercado via sua grande estrutura feira toda em tijolos aparentes, com algumas colunas e belos vitrais em seu topo, era uma construção magnífica. Apressou os passos subindo alguns degraus de pedra rústica até a entrada do local. Haviam muitos mercadores ali, muitas quitandas e berros que se escutavam vindo de longe dentro daquele lugar, sorriu animado, logo buscando negociar os grãos que levaria.
-São Três por dois meu jovem! Está barato e de boa qualidade não vê!?
Ian era paciente e bastante sagas quanto a suas escolhas.-Certo, mas quero um abatimento, pois vou levar dez quilos de três grãos!...
Damyen Merikh diz:
O jeito fútil e soberbo de Laturra não eram do feitio de Damyen. Ensinada desde pequena entre a corte, Laturra tinha excepcional prazer pela humilhação, tortura e "adestramento", muito ao contrário do tipo de prazer que homens como Merihk tinham em mente quando se confrontavam com as damas da corte.
- Não temos passado tempo suficiente juntos para que eu possa adestrá-la pessoalmente, minha dama. Mas não é necessário cobrar diante das outras senhoritas. Terei prazer em dar aulas extras quando me banhar. 
O sorriso que brotou nos lábios do coronel foi profusamente cheio de malícia e ironia, fazendo uma balbúrdia de risadinhas encher as escadarias. Claro que Laturra não gostou do fato e bufou alto, cruzando os braços sobre os seios e batendo sem muito efeito contra o forte braço do noivo.
- Bruto! Não me faça pirraças na frente das garotas! 
 Quando as outras dispersavam com os gritos da nobre, a jovem Darhan parecia diminuir e arrulhava enquanto se esfrgava contra o braço de Damyen nos degraus que desciam. 
- Me diga então, o que me trouxe da Caça? Trouxe algo para me agradar, não é?

Song: Noir: Salva Nos 
-http://www.youtube.com/watch?v=MpXpbrJTo2E


Damyen Merikh diz:
Com um pouco de paciência, Merihk fingiu não possuir nada enquanto tateava os bolsos do casaco de couro e a bainha da adaga. Não gostava de mimar a garota, mas ela era um peão necessário no tabuleiro do jogo que Merihk jogava há muito tempo.
- Não seja mau comigo! - Ao contrário, Laturra só queria saber do que ganharia e deslizava as mãos pelas pernas do coronel, acariciando-o sem pudor entre os degraus. 
- Oh! Acho que encontrei algo....
- Não...Esse não é seu presente. Não ainda. 
O que havia trazido para a jovem Darhan estava preso em seu pescoço. Tratava-se de dois colares longos e dourados, com pedras absurdamente azuis em seus pingentes. As jóias estavam extremamente quebradas e danificadas, mas os olhos da jovem brilharam ao vê-los.
- Corações! Ah, Merihk, você é tão gentil! 


Ian Levi Capell diz:
Ian conseguiu negociar em pouco tempo boa parte das mercadorias que levaria, deixou tudo separado em grandes sacas, tudo arrumado, resolveu-se por tomar um suco mais adiante, e nisso cruzou com uma jovem moça estava com os cabelos ocultos por panos, mas os olhos eram incrivelmente bonitos, esverdeados e apele levemente bronzeada, ele sorriu para ela e se aproximou.
-Posso lhe servir uma bebida?...-Perguntou em um tom gentil, a moça ficou sem jeito, mas estava um calor grande ali dentro do mercado, e acabou por aceitar. Notara que tinha cabelos que iam até os ombros eram de tom castanho claro, haviam poucas sardas em seu belo rosto, lindamente esculpido, estava a trajar um vestido simples, o que não escondia sua beleza. Pagou o refresco e disse.-Qual é o seu nome?...-Ela não aparentava, mais tinha no mínimo mais de cinco anos que o jovem, sua boca e nariz eram ocultos pelo véu de tom alaranjado.
-Anaya...
Falou apenas o primeiro nome, não podia se misturar com estranhos, mas estava exausta.
-Bonito nome, você...
Sorriu de canto, Ian era um pouco tímido com as mulheres as quais 
-não pertenciam a sua família.
-Eu estou comprando alguns mantimentos para a minha família, você precisa de ajuda Anaya...

Anaya 
Song: Hyde - Kagen No Tsuki
- http://www.youtube.com/watch?v=qkc-Ll8y_6Q&feature=related 

Damyen Merikh diz:
Não havia gentileza no modo de Damyen presentear. Corações. Laturra colecionava corações. Todos aqueles que haviam disputado o posto ao seu lado, a vitória no ritual de noivado, haviam trazido a ela jóias como aquelas das caçadas ao Limiar. Mas apenas Merihk conseguia trazer corações quase intactos, peças de valor para nobres que ostentavam troféus como aquele. Vendo-a satisfeita, o coronel desceu os pares de degraus restantes e deixou o prédio do Conselho seguido pela nobre que avaliava com esmero as peças ganhas. Do lado de fora, nas calçadas de pedras douradas e vinhas entrelaçadas pelo tempo, os homens de confiança de Damyen aguardavam e erguiam seus olhos ao escutar o ruído do caminhar de seu coronel, pondo-se de pé ao serviço dele.
- Humpf! Já vai voltar para aqueles vira-latas? 
 Laturra não gostava de soldados. Agradava-se com Merihk pelo fato de seu alto posto manter sua nobreza e engrandecê-la junto do conselho dos jizzahs. Caso contrário, ela jamais haveria se exposto à noivar com um homem rude como o coronel.
- Tenho ordens para o fim de ano, milady... Mas foi bom revê-la
- mesmo que brevemente.
Os homens riram baixinho. Conheciam o temperamento da jovem Darhan e seu carisma, desaprovando totalmente aquele enlace.
- Vou passar as tradições sozinha? Pois bem, vá! Não me faz falta mesmo um noivo ausente na noite em que ficarei algumas libras mais rica. 
A risada vitoriosa da jovem era irritante como uma ave estridente. Merihk logo erguia os dedos, tampando os lábios da moça.
- Você irá sobreviver. Além do mais, vamos escoltar sua carga. Dê-se por satisfeita.
- É preciso bem mais que isso pra me satisfazer...
Ela retrucava, mordendo os lábios.
- É o que veremos.

Ian Levi Capell diz:
-Ela fez que não sem jeito. Uma música vinha de longe e logo os alcançava.-Obrigada! eu preciso ir ah... -Ele achou uma pena aquilo.
-Não espere!...- Disse, tentado impedi-la, mas era tarde ela fugia entre as pessoas, mas podia ver o véu de tom atípico, seguia-o com pressa, pedindo passagem as pessoas, desejando revê-la, nunca vira uma moça com olhos tão intrigantes.
-Anaya! onde estava céus!...
Era uma criada que carregava compras, também coberta, mas em véus negros, de olhos severos, deveria ter mais de seus cinqüenta anos.
-Desculpe eu fui beber algo, mas já estou aqui!...
A mulher pegava dois sacos e a jovem a ajudava a carregá-los até uma pequena burca, a música era animada.
-Eu já volto, não saia dai!...
Ordenou ela, fechando a burca com os panos, ela ficou ali de pé só observando pelas frestas e sorriu, era agradável a música como em sua casa, então começou a dar alguns passinhos ali dentro mexendo os braços em leves e belos movimentos, Ian aproximou-se e viu a jovem pelos pequenos buracos e sorriu a espreitando, admirando como dançava magnificamente bem, era linda Anaya! Ele precisava saber mais sobre a moça, seria compromissada? Foi quando alguém tocou-lhe o ombro gracejando uma tosse forçada, era um homem alto, porém bastante magro- 
- Não é seu lugar jovem, vá embora!...
Anaya escutou e levou um susto parando de dançar, espreitou pelos buracos e arregalou os olhos ao ver seu tio repreendendo o rapaz que lhe fora tão bom, saiu de imediato e disse.
-Ele não fez por mal!...
Ian estava um pouco apreensivo.
-Desculpe senhor...eu nao queria incomodar...
Ela fez que sim e disse.
-Ele me pagou uma bebida quando estava morta voltando para cá!

Damyen Merikh diz:
-Sem demora o coronel se reunia aos homens e não era necessário palavras para que acatassem aos passos dele, sempre pouco atrás. Eram homens jovens e fortes, seguidores fiéis das palavras de Merihk. O mais jovem deles, Malthus, tinha sinais das recentes caçadas entalhados em seu rosto na forma de três linhas horizontais que iam do alto do nariz até o canto da orelha direita. Garras de uma fera humanizada a quem chamavam Sussurrantes - crias impróprias dos homens e dos mortos.
- E então, senhor? Qual foi o desígnio do Conselho?
- Faremos a Vigília no ponto próximo a fronteira. Precisaremos de pouco pessoal, não me preocuparei com a segurança de uma festa banal. Nenhum Adamiano seria maluco o suficiente em causar um embate nas tradições.
- Podemos esperar qualquer coisa. - A rudeza da voz
-Era de Fenrir, o velho lobo de combate, o mais fiel de seus homens.
- Não, não podemos. Vamos vigiar os pontos críticos e receptar os Vallarymares.  
Os homens demonstraram claramente seus calafrios.
- Eles virão?
- Sim. Faz parte do acordo da tradição com aquele bando de velhos... E nós vamos fazer o que nos cabe. São apenas dois dias.

Song: Ghost in the Shell: Innocence-http://www.youtube.com/watch?v=S_1PssU1a9U

Ian Levi Capell diz:
O homem respirou fundo tinha uma aparência não muito convidativo, fez uma cara feia para o rapaz, como se disse-se que o tempo dele ali havia se acabado.
-Vossa família, qual o nome que lhes regem!...-Suplicou pela informação que fora dado um pouco à contra gosto.-Zarihn...agora se vá!...
-Fazia um gesto para que se afasta-se ao que guiava a o jovem para dentro da liteira, que foi obrigada a se recolher. Dois homens fortes apareceram- 
- Já era tempo!...-Exclamava o tio, batendo as palmas, os homens de cor abaixavam-se pegando nas extremidades e erguendo a liteira a carregando nos ombros, em um simples impulso adentrou-a o homem e se foram dali. Ian nada pode fazer, ao menos sabia um nome, homens como aquele não costumavam mentir, era contra os princípios básicos de famílias honradas. Caminhou pelo mercado, vendo o que tinha ainda de comprar.
- Cravos!...
Exclamou logo indo atrás das sementes, cultivaria e levaria há ela, assim que florescessem! Não demorou muito para encontrar uma floricultura, negociou os grãos o guardando dentro da bolsa, depois conseguiu um animal de carga com direito a uma pequena carroça, passou em cada uma das lojas as quais fizera as compras pegando as sacas, levando até o transporte de madeira, seus cavalos apenas não seriam suficientes, quando terminou de organizar tudo, bebeu água de seu pequeno cantil limpando a testa com uma das mãos, estava esquentando conforme a hora do almoço se aproximava. O movimento ali -parecia ficar mais intenso, animais passavam pelas vielas cheios de carregamentos, envoltos em tecidos grossos de tom amarronzado e cor de areia, ocultando parte das mercadorias que variavam entre utensílios domésticos, a mantimentos e provisões, haviam homens e mulheres, poucas crianças, apenas as mais crescidas. Olhou para o sol e suspirou, buscou o cavalo malhado e o guiou juntamente com o animal alugado até o ponto de encontro, sentando-se na beira da fonte; Cerca de vinte minutos se passaram e Godrick apareceu, estava um pouco mais confiante.
-Vejo que comprou tudo! E a manta de carneiro? 
Perguntou ele, dando um pequeno sorriso, o rapaz fez que não .
-Pai...
fez uma breve pausa e disse.
-Devo juntar dinheiro, eu conheci alguém...-Godrick ficou surpreso, Ian nunca falara de mulher alguma, certas vezes chegava a achar que o filho não tivesse gosto por tal, ou pior tivesse interesse em outra coisa, tossiu pegando água na carroça em uma grande  garrafão.-Estou surpreso, nunca falou nada sobre, mas não é melhor esperar um pouco mais, precisamos pagar nossos credores antes de qualquer coisa...
Ian sorriu sem jeito e disse.-Preciso encontrá-la!...É de uma família diferente, Zarihm conhece?
O homem suspirou e montou em seu cavalo puxando o animal alugado.
-Vamos para casa depois vemos isso...

Flor de cravo vermelho


Damyen Merikh diz:
O dia que se seguiu foi e de trabalho intenso. Os homens afiaram suas lâminas e vestiram suas vestes quentes, já aguardando pelo clima mais frio além do bosque branco, perto da fronteira com Adama. Usavam trajes negros e capas em vermelho muito escuro, capuzes cobrindo suas cabeças. No peito, o estandarte de Agra com seu grande falcão dourado era o símbolo mais simples do medo. Muitos mercadores e
-peregrinos não ousavam atravessar aquelas terras quando topavam olhares com um pequeno grupo de Agranianos a cavalo ou a pé. Não havia ninguém que desafiasse a força de Agra diretamente.
A manhã do dia das tradições havia iniciado com uma forte neblina e o frio que ameaçava chegar finalmente, derrubando as folhagens e zunindo com o vento. Merihk e seus homens estavam acampados à clareira da Boa 
-Temperança, onde cuidavam dos cavalos e armaria antes de seguir aos postos e trocar os turnos de homens. Era com enorme cuidado e paciência que o coronel supervisionava sua tropa e dava ordens de que naquele dia apurassem seus olhos e ouvidos para receber Noir e seus homens.

Ian Levi Capell diz:
Voltaram para casa e Ian ajudara a descarregar todas as provisões guardando na despenca grande que tinham junto da cozinha, por fim devolvera o animal no dia seguinte e fora atrás da família da moça. Depois de muita espera na frente da propriedade fora recebido pelo pai da moça, fora convidado a entrar. Tomaram um chá e conversaram inicialmente sobre a lavoura e os negócios, até Ian adentrar o assunto de suma importância, pois gostaria de conhecer a jovem, ter a permissão dos pais para cortejá-la, o que pegou o pai de surpresa e ficou intrigado, pois Ian apesar de inteligente e dedicado, não tinha posses suficientes ainda para desposá-la.
-Não poderemos tratar disso ainda, você deve adquirir teu patrimônio, mas acredito que não terá dificuldades...Anaya é nossa segunda filha...
Dizia o homem sendo servido de mais uma xícara de chá, por uma serviçal, eram de uma família importante aparentemente. Tudo ali era bonito, as paredes pintadas, quadros e ricas tapeçarias vindas de longe, lustres e móveis que impressionavam com seus detalhes pelo entalhamento das peças, em formatos de plantas
- silvestres. Ian fez que sim, mas disse a ela.
-Desejo desposá-la, ao menos podemos nos encontrar...com a vossa permissão, junto a família?...
Era insistente, afinal sabia que uma oportunidade daquelas demoraria a vir, assim acreditava.
-Certo, traga o dote , e fecharemos os acertos do contrato de casamento...
-Anaya era bonita, mas já tinha seus 24 anos, idade avançada para se casar, e o rapaz vinha de boa família. Ian agradeceu e regressou para o mercado, fez alguns negócios com as posses que adquirira e voltara a casa no final da tarde, trazendo ouro consigo uma pequena quantia, mas o suficiente para garantir que ela seria sua esposa.

Song: Badema – Urga (O Clone)
- http://www.youtube.com/watch?v=222gxP0dIeA

Damyen Merikh diz:
O sol mal penetrava entre as albinas árvores em torno do Olho d'água quando os cavalos dos Agranianos se reuniram embaixo das copas prateadas. Montavam animais grandes e fortes, cavalos de guerra, de troncos espessos e pelagem escura, cobertos por mantos vermelhos e arreios de couro negro. Ao longe, os homens de Agra poderiam ser tomado erroneamente como servidores de ceifadores pela robustez com que mantinham-se sobre os palafréns e manuseavam suas armas.
Ali, Damyen decidiu que deveriam esperar. A névoa do amanhecer era um mau agouro e os homens ficavam agitados a qualquer ruído, ansiosos por uma batalha que lhes enchesse de ânimo antes do meio-dia. Foi quando o trotar de um cavalo leve encheu o caminho e Malthus atiçou seu próprio cavalo para interceptar quem vinha.
- Vallarymares! - Gritava o homem magro que vinha sobre um pangaré cinzento, que bufava pela corrida extensa, parando de chofre quando encontrou-se com Malthus de espada em punho na direção do batedor.
- Há quanto tempo?
- Estão à... - Um zunido cortou o ar e Malthus segurou-se ao cavalo que com o susto, ergueu-se nas patas traseiras. Uma flecha negra, de ponto dupla e escorpiana, acabara de perfurar o crânio do 
-batedor, derrubando-o.
- Por Lothis.... - Malthus atiçava o cavalo e tirava de seu cinto um chifre de prata, tocando-o com um som alto e límpido para avisar os homens./
Ian Levi Capell diz:
-Voltara para casa e dera a notícia ao pai que pareceu mais preocupado que outra coisa naquele momento.
-Eu disse que deveria esperar, isso não está certo meu filho...-O rapaz sabia que ele tinha razão, mas tinha medo de perder a moça.-Não pude esperar, se a pusessem em algum compromisso a perderia!...
-Dizia a ele, enquanto isso Godrick via todos os papéis que assinara com a família de Agra, revendo cada centavo que lhes deviam, porém faltava ainda um quinto do dinheiro, ficou nervoso e disse.
-Desfaça este compromisso! Não podemos ficar mais aqui, devemos partir. Eu ficarei, mas deve sumir com tua mãe e irmã!...
Ele era um homem honrado, pagaria com a vida se necessário, mas não deixaria sua família envolver-se em discórdia de negócios.
-Como assim, está louco!?...
-Exclamou Ian, confuso, Godrick juntou todos os papéis.
-AGORA!...Arrume tudo, pegue os cavalos e leve-as para longe e não voltem! pelo menos nos próximos três anos entendeu!?...
-Aquela era a última noite do prazo, pela manhã estariam ali para cobrar a dívida ele sabia daquilo.

Damyen Merikh diz:
-O som alto e claro do chifre de prata servia como um gatilho. Não era necessário troca de palavras ou comandos. Os Agranianos agitavam seus cavalos e já munidos de suas armas, espalhavam-se na névoa entre as árvores como fantasmas lendários, virando suas capas que eram forradas de tecido negro, transformando-se em vultos escuros. Malthus dava apenas três longos toques com o chifre antes de silenciar-se, ocultando-se entre os arbustos prateados e estendendo a corda dourada do próprio arco, afagando as penas douradas das flechas. Outro som pareceu responder ao seu chamado, longo e doloso como o choro de uma besta-fera, arrastando-se pelo bosque. O ruído de madeira rangendo e corrente tintilando, chicotes contra carne macia. O inconfundível som dos mercadores negros - Vallarymares.
Vinham em
-grandes carroças cobertas com couro batido, banhado com sangue velho e escuro, que conferia um cheiro horrível à caravana. Eram em grande número e estavam montados e camelos de corrida ou arrastados por enormes touros vermelhos roubados do povo da planície. Sobre as carroças, tendas de moradia ou enormes gaiolas de arma e ferro, cheias e abarrotadas de jovens e crianças, mulheres de todas as 
-idades, trancafiados como pássaros. E diante deles, a longilíneas figura de Noir circulada por seus homens cobertos de negros da cabeça aos pés, apenas com olhos à mostra, arcos e lanças em mãos.
- Noir, de Allarymar, terra de ninguém, reclama passagem por estas terras de Agra. Quem desses fantasmas é o comandante?

Ian Levi Capell diz:
-Ian não mais lhe questionou apenas disse.
-Não vou desfazer! Ela vem comigo!!...
-Referia-se a noiva, havia pagado por ela, sabia que a situação estava crítica, mas era sua felicidade em jogo ali! Conversou com a mãe que preparou as malas, atrelaram tudo nos cavalos e quando a noite veio despediram-se de seu pai, pernoitariam na casa de sua noiva, e então partiriam e assim seriam. Quando o sol se pôs estavam aos portões da grande casa, o pai da jovem ficou surpreso, mas Ian alegou ter conseguido uma boa oferta de trabalho em outra cidade e por isso dever-se-iam ir, chamaram um religioso a casa e fizeram uma pequena cerimônia cortês. Pela tensão que sofria e pressão de tanta responsabilidade, disse a Anaya que lhe perdoa-se por talvez não poder suprir suas expectativas. Deitaram-se juntos, a família instalada em outro quarto ao que o casal ficou a sós.-Você me perdoa...-Dizia em tom ameno a ela, ao que lhe abraçava pelas costas beijando-lhe os ombros, ela fazia que sim com a cabeça.

Damyen Merikh diz:
-Dentre a névoa branca a sombra e o som dos cascos não serviam mais de denúncia. Era a aproximação aberta de um cavaleiro, cuja espada em punho demonstrava o receio. O capuz sobre sua fronte fazia-o totalmente de sombras e os Vallarymares ergueram seus arcos de dentro das carroças, esperando.
- Eu falo pelos meus homens e guardo estas terras. Vocês não... 
- Dezenas de flechas cortaram o ar e sem compaixão acertaram o corpo do homem sobre o cavalo, que agitado pateava a terra molhada e disparava adiante, derrubando seu mestre ao chão. Os mercadores riam, sons difusos como hienas carniceiras, abutres alegres. Noir abriu um imenso sorriso e caminhou até o corpo do homem agonizante, empurrando o corpo repleto de flechas para observar seu rosto.
- Nenhum Agraniano vai parar a caravana de 
-Allarymar....Mas o... 
- Para a surpresa de Noir, o homem abaixo de seus pés era o corpo frio do batedor magricela que haviam abatido há tão pouco tempo. Estava amarrado com cordas na cintura para manter-se sentado sobre o cavalo e agora parecia um almofada de alfinetes negros. Não foi permitido a ela nem um arroubo de surpresa, pois a lâmina que cortou a névoa silencio tocava a garganta de Noir com firmeza, pressionando sua pele enquanto era abraçada por braços fortes de um homem muito mais alto que ela.
- Ordene que recolham as armas, Peste. Ou sua garganta vai dar o último grito de toda sua vida.

Ian e Anaya

Ian Levi Capell diz:
Ian estava preocupado com o que ocorreria com seu pai, ele seria agora o homem da família e era uma responsabilidade muito grande, mais ainda quando tão jovem! Tinha experiência em negociações e trabalho, mas vivera muito pouco para adquirir tal responsabilidade, aqueles pensamentos o afligiam, mas não deveria dar crédito a tal, Anaya agora era sua esposa e como tal deveria agradá-la, deixou que seus pensamentos ruins se fossem ao que lhe aspirava à fragrância dos cabelos macios, afastando-os com uma das mãos ao que seus lábios tocavam a pele de seu pescoço com carinho, depositando beijos quentes, os quais faziam ela se mexer e corar, ele sorriu, erguendo-se se pondo sobre a jovem tocou-lhe o rosto e inclinou-se beijando-lhe os lábios calidamente, nunca havia feito aquilo antes, mas sabia como era, pelo o que vira os pais e outros casais mais velhos quando menor. O coração da jovem estava disparado, olhava para Ian e corava mordendo o lábio deste de leve, que a tomou nos braços beijando-a agora a boca em um ritual envolvente, ele era delicado apesar de inexperiente.
- Minha Anaya...
Ela se aconchegava aos braços de Ian, abraçando-o ao que trocavam beijos entre si, aos poucos ele a desnudara, livrando-se das próprias roupas, beijou-lhe o colo, descendo para os seios fartos os quais deleitou-se ao que acariciava-lhe o ventre, tinha uma necessidade grande, algo que nunca sentira antes, a jovem estava muito sem graça, mas deixava que ele a toma-se entre seus braços.

Damyen Merikh diz:
-Noir conhecia aquela voz e o fio daquela lâmina que se apertava contra sua garganta. Riu baixo com os dentes cerrados, muita força em sua própria mandíbula.
- Maldito seja, Damyen Merihk.... Baixem os arcos, Tolos! Joguem as lanças e espadas! 
 Os homens aceitavam e o som de metal e madeira caindo era um bom sinal. Com ele os demais Agranianos caminhavam para fora da névoa, armas empunhadas na direção dos perigosos mercadores negros.
- Agora, adorável Peste, poderemos conversar. Os velhos querem que você entregue a carga da família Darhan aos meus cuidados antes de adentrarem Agra e suas armas e chicotes devem ficar conosco.
- Pode soltar meu pescoço agora, Agraniano? Por que a carga dos nobres ainda não foi recolhida... 
Com a revelação, Damyen afrouxava a espada, permitindo que a mulher se soltasse. Ela afagava a pele avermelhada do pescoço e sorria languidamente com seus olhos de ressaca.
- O dinheiro da família vai ser recolhido pelos homens, não se preocupe. Mas esse valor virá de Adama e não será fácil de recolhê-lo... Pode nos hospedar com seus cães enquanto esperamos ou - nos escoltar até a cidade. O que prefere, grande Lobo?
Damyen segurou Noir pelo pulso, não gostando de sua entonação. Ela estremecia, temendo os olhos vermelhos do coronel.
- Pelo seu bem, espero que os homens sejam bons e que o dinheiro chegue intacto feiticeira. Traga os seus... Mas você virá comigo.
Noir sorria e falava com os mercadores em sua própria língua, sibilantes e sonoros como o linguajar das cobras. Todos se curvavam para ela e montavam em suas carroças para seguirem os homens de Agra, que os escoltavam sem gentilezas até a clareira da Boa Temperança.

Song: Maktub 
- http://www.youtube.com/watch?v=r4dwq7TvtFM&feature=endscreen&NR=1

Ian Levi Capell diz:
Os cabelos da jovem espalharam-se pela cama ao que ele a pressionava de leve contra a cama, beijando os seios da jovem esposa. Nunca tivera uma conversa a fundo com o pai, porém com alguns amigos conseguira informações que agora lhe eram muito valiosas, por não ter tanto jeito, aos poucos ele a virou na cama de bruços beijando-lhe o pescoço ao que subia sobre esta espaçando-lhe as pernas e dizia.
-Não tenha medo...
Rosava-se contra ela, instigado pela timidez enchia-lhe de beijos ao que buscava ter mais intimidade, Anaya estava um pouco nervosa, mas ansiosa por fazer Ian um homem feliz, em poucos minutos seus corpos uniram-se e os movimentos foram fracos, pois não desejava machucá-la, mesmo sendo algo inevitável, fazendo-a chorar, mas acalentara-lhe beijando ao que começava a lhe possuir o interior.

Damyen Merikh diz:
Os Agranianos prenderam os touros dos Allarymares contra os fortes troncos das magnólias e mantiveram guarda atenta sobre os homens do deserto. Apenas Noir e sua guarda pessoal foram permitidos de adentrar as tendas vermelhas dos homens de Merihk, comendo e bebendo junto dele. Ali, Damyen era seu próprio governante, sentado em uma cadeira larga e alta, coberta com a pele macia de diversos lobos cinzentos. Descansava os pés sobre uma pequena bancada e bebericava uma taça dourada cheia de vinho, analisando os movimentos da feiticeira enquanto saboreava da carne e pão.
- Me diga, de quem foi a fantástica idéia de convidá-los para as tradições?
- O Conselho dos Jizzah devia algumas cabeças para meu senhor e para não nos dar alguns tenros jovens de Agra, seus anciões barganharam um preço justo. Dois dias vendendo nossas mercadorias próximo ao altar dos celestinos. Nosso lucro deve bastar...
- E os Drahan? Sempre achei que os pais de minha noiva tinham bons contatos fora de Agra.. Não gentinha como vocês. - Noir cuspiu o vinho e riu de canto, limpando a boca com os dedos. Estava ofendida,
-mas não o suficiente para alterar-se.
- O velho Drahan sempre foi um ótimo cliente, Merihk. Ou pensa que todos os criados que eles arranjam são exilados e Adamianos?
- Porco hipócrita. Não pensei que fizessem esse tipo de trato com vocês.
- Apenas um dos tratos. Mas não se preocupe... o embrulho que sua noiva está aguardando é um monte de libras de Ada, muito bem pagas por alguma família extorquida e faminta.

Ian Levi Capell diz:
Os gemidos foram abafados pelos travesseiros, os corpos quentes transformavam-se em chamas em um único elemento, era muito prazeroso aquele contato mais íntimo, nunca imaginara como era estar com uma mulher, mas agora sabia e era algo incrivel! Seus poros estavam à flor da pele, e Anaya transpirava abaixo de si, vez ou outro choramingava, mas sorria ao sentir os beijos carinhosos do esposo. A consumação estava feita, em pouco tempo ele se deitou ao lado dela satisfeito, mesmo não tendo chegado ao limite de seu prazer, mas estava satisfeito, afinal fora a primeira noite, e deveria poupar energias para a manhã que viria. Ele a abraçou trazendo-a para seu peito, local a qual ela se aconchegou e disse em voz baixa.
- Obrigada por me amar Ian...    
Ela sorriu graciosa serrando os olhos, ele beijou-lhe a fronte fazendo carinhos em suas costas e em pouco tempo ambos adormeceram envoltos entre as cobertas quentes da cama.

Damyen Merikh diz:
- Dinheiro. A cada dia que passa os Drahan se mostram a melhor escolha que fiz... 
Noir erguia suas sobrancelhas, olhos iluminados entre a penumbra de seu manto. Seus dedos muito longos e disformes davam lhe a impressão de galhos negros brotando de suas mãos e mesmo assim era hábil manualmente e servia-se de mais vinho, enquanto podia contar com a serenidade da conversa com o coronel.
- Faz muito tempo que não me deixa ler seu futuro, Merihk... Anos desde nosso último encontro. Quer que eu leia?
Damyen olhou para ela sobre o ombro enquanto caminhava pela tenda observando o próprio reflexo nas águas vermelhas e perfumadas de seu cálice. O vinho lembrava o sangue aguado, jogado sobre as águas de um leito ou banhado na chuva... lembrava a morte celebrada na vida dos festejos que envolviam a bebida. Houve um sorriso em seus lábios pálidos e seus olhos escarlates fixaram-se nos da feiticeira.
- Leia. E torça para que seja um bom futuro.

Ian Levi Capell diz:
Godrick acreditava que a família já estava em outra cidade, em suma estava no interior, uma região mais afastada próxima a divisa de Adama e Agra. Os Levi Capell estavam bem acomodados na residência dos Zarihm. A noite passara tranqüila, os animais que pertenciam ao jovem descansaram e foram bem tratados pelos empregados da casa, teriam uma longa jornada, provavelmente teriam de percorrer uma distância muito grande nos primeiros dias. Quando estava para a escuridão se ir, Godrick já estava acordado bem vestido, com as melhores roupas que tinha, ajuntara todo o ouro que conseguira num total de 7 pesos, faltava pouco esperava poder negociar com os cobradores, afinal era uma quantia alta para alguém tão trabalhador e humilde como ele. Aguardou sentado em uma das cadeiras de madeira, sabia que se não houvesse acordo, seria morto assim como os demais da família, apenas o que servi-se de utilidade seria poupado e transformado em mercadoria a fim de pagar os débitos, por isso despachara a família para longe dali.

Névoa

Damyen Merikh diz:
A manhã enevoada que cobria o lado norte de Adama era mesma que estendia seu manto sobre o sul de Agra, escondendo o início do sol. Quatro homens haviam sido escolhidos para o trabalho delicado que Noir havia incumbido e cavalgavam com pressa através do início da cidade, das casas mais simples e campestre de Adama. Seus cavalos robustos possuíam pelagem longa sobre os cascos, abafando o som das ferraduras contra o solo seco, mas não ocultavam o som das correntes de seus cavaleiros ou das armas que carregavam.
Chegavam à pequena rua da família Capell entre o amanhecer e o momento mais escuro do dia, quando o sol e a luz deixavam a abóbada celeste para os demônios reinarem. Seus grandes animais resfolegavam a névoa em suas narinas vermelhas e sem que apeassem de suas costas, o primeiro disse em bom som.
- Levi Capell? - Seu punho acertou a porta três vezes e o animal recostou à cabeça à madeira por estar muito próximo.
Ian Levi Capell diz:
-Ao escutar a batida na porta ele se levantou e a abriu vendo os homens encapuzados em mantos escuros, sua expressão era séria e rústica disse a ele.
-Entre por favor...
Espaçou a porta de maneira que o homem pudesse adentrar a moradia, fazia-o contra gosto, mas era necessário afinal muita coisa ali estava em jogo. Sobre a mesa havia uma xícara de chá vazia e o fogo estava aceso no fogão aquecendo o ambiente. Longe dali, Ian despertara logo cedo, acordara Anaya, mãe e irmã, todos tomaram o desjejum e preparavam-se para a partida.
-Obrigado por nos receber Senhor Zarihm, sou imensamente grato pela hospitalidade. Peço que, por favor, não diga nada a ninguém sobre nossa partida, mandaremos notícias assim que possível...
Dizia Ian montando seu cavalo.

Damyen Merikh diz:
- Não é necessário entrar. Viemos a pedido de milorde Garhan e apenas desejamos receber o que lhe é devido... 
Pareciam afoitos a deixar o lugar o quanto antes, como se houvessem chicotes sobre suas costas. Seus animais pateavam à rua, espalhando a névoa matinal com suas caudas longas.
- O valor está completo? Não temos muito tempo, senhor Capell. 
Embora não fossem rudes, havia uma solidez macabra nos olhares dos cavaleiros, um brilho metálico que apenas aqueles que já viram muito possuíam.
Ian Levi Capell diz:
-Ele respirou fundo e disse.
-O débito é de 10 contas, e eu tenho neste momento 7 contas...
Explicou ao homem.
-Necessito de mais dias para completar a quantia, peço que tenham paciência, mas que já levem o que lhes entrego, é muito importante que tudo seja resgatado, sou um homem de palavra...
Explicava a ele com calma e seriedade.
- O que pode ser feito a respeito meu Senhor?...
Godrick era um homem rígido e de origem simples, mas muito esforçado- -Desejo entregar o mais breve possível o que falta, mas necessito da compreensão de Vossa Senhoria...

Damyen Merikh diz:
-Entreolharam-se e um deles riu de forma sonoramente viperina, afastando-se dos demais para observar os lados da casa, procurando por algo. O primeiro deles deixava o lombo do cavalo e entrava a casa. Era muito alto, musculoso mesmo por baixo do grande peso de tecidos negros e da capa. Seus olhos observaram as contas sobre a mesa e o rosto do homem.
- Deve achar que o lorde de Agra está para brincadeiras, senhor Capell... E devo avisá-lo de que o prazo era hoje! - Com força o punho do cavaleiro acertou a mesa, intimidador. Os cavalos dos outros dois na rua relinchavam, animais negros e cruéis como seus mestres. 
- Meu senhor não aceitará uma barganha, muito menos algo menor do que o preço de direito!
O cavaleiro que rodeva a casa, soltava um longo assobio e falava algo na língua desconhecida que usavam.
- Onde estão, senhor Capell? Sua família...
Ian Levi Capell diz:
Ficava muito apreensivo e nervoso com as palavras do homem, respirou fundo e disse.
-Tudo o que tiver de ser resolvido será entre eu e vosso Senhor!...
Falou firme juntando as moedas e as guardando dentro de um caquinho de tecido.
-Devo me entregar para que seja pago o que falta, mesmo que seja o preço de minha vida, mas isso apenas a decisão será tomada por aquele que devo, e nada mais!...
Sua voz era grossa e firme e não media palavras mais naquele momento vendo a 'ira' dos homens ali presentes.

Song: Estaba Escrito
- http://www.youtube.com/watch?v=W7_MJ_uh_OQ&feature=related 

Damyen Merikh diz:
O coletor gargalhava com a suposta coragem do velho homem e pegava-o pelo colarinho das vestes, trazendo-o para perto. Seu hálito era grotesco, assim como suas vestes cheirando a suor e pêlos de cavalo, couro cru e sangue. 
- Meu senhor não aceita sangue como pagamento por suas dívidas, muito menos perde seu tempo recebendo devedores tolos como o senhor.... Irei responder novamente, senhor Capell e minha paciência já curta não vai ajudá-lo em nada...Onde está sua família?
Outro dos cavaleiros adentrava a casa, colocando o cavalo quase à entrada da porta, o bafo quente das narinas do cavalo se misturando com as brasas da fogueira. O segundo homem, mais baixo e curvado, farejava o ar e sem permissão alguma saía cheirando utensílios, cadeiras, tecido. Arfava como um cão de caça, rindo baixo.
- Uma mulher, madura...uma criança, fêmea...um jovem homem....
- ONDE ESTÃO!?

Ian Levi Capell diz:
Ele sabia que não estavam para brincadeiras, mas não deixaria que prejudicassem aqueles que amavam.
-LEVEM O QUE TENHO, MAS NOS DEIXEM EM PÁZ!!!..
Exclamou com certa raiva empurrando o homem a sua frente.
-Levem a casa toda se assim quiserem e vão embora daqui, JÁ!...
Ele não estava nada disposto a cooperar, morreria e não diria nada!

Damyen Merikh diz:
O grande homem ria com a tentativa do homem em afastá-los. Tomava dele o saco de moedas, contando-as enquanto derramava a quantia sobre a palma da mão coberta por uma luva disforme de tecido acinzentado, puída pelo tempo e pela lida com os cavalos.
- Sete...Tomou uma decisão muito errônea, senhor Capell. 
Um sinal seco era dado aos outros homens que prontamente fechavam as janelas, o cavalo do segundo deles bloqueando a porta frontal. Entre risos eles quebravam cadeiras e espalhavam objetos conforme adentravam, o coletor diante do homem simples, guardando as moedas no saco outra vez.
- Compreenda. Não se faz dívidas com um diabo sem perder a alma na negociação, Adaminano. Faltam 3 contas...1 delas para cada membro de tua família. E não me importo nada se são jovens ou velhos...Não me importa nada se os ama. Eles fazem parte da negociação desde que aceitou barganhar com gente como os Darhan.... Amarrem-no.
Dois dos homens aproximaram-se e com força e brutalidade, passaram cordas pelas mãos e pés do homem. Mesmo que lutasse, não conseguiria de livrar das mãos brutas dos Allarymares.

Song: MAKTUB - MARCUS VIANA
- http://www.youtube.com/watch?v=xQ3047IX5cY&feature=related

Ian Levi Capell diz:
-Estava em pura raivo, era intrusos e mal educados! Odiava criaturas como aquelas.
-INFAMES! SUJAM MINHA CASA E DESONRAM MINHA PALAVRA ORDINÁRIOS!!!...
Empurrava aqueles que tentavam lhe pegar, mas eram habilidosos e conseguiram imobilizá-lo.
-MALDITOS NOS DEIXEM!!!...
Esbraveja como um trovão, irredutível. Muito longe dali cerca de vinte e cinco quilômetros a família Levi Capell partida para sua longa jornada, estavam bem equipados, despediram-se de todos e partiram em direção as montanhas, a fim de continuar a passagem que havia entre as duas cidades rivais.
Damyen Merikh diz:
- Não há palavra fora de um acordo senhor Capell. 
O coletor pegava para si um pedaço de tecido proveniente de alguma veste da esposa do pobre senhor, cheirando-a com um olhar lascivo. Riam alto, amarrando o devedor em uma das vigas que sustentavam a simples casa, vendando os olhos do mesmo. Haviam requintes de crueldade nos atos daqueles captadores e não pareciam brincar durante a missão. Godrick escutaria muito bem o som aquoso que era espalhado ao seu redor, como chuva grossa que pingava em suas vestes, algo oleoso que se espalhava pelos seus cabelos.
- Para o bem do renome de seus antepassados e seus descendentes, reze para que sua família seja encontrada e que a dívida seja paga. Que Elohim receba sua alma, homem tolo... Queimem tudo.

Ian Levi Capell diz:
-Aquele cheiro lhe dava náuseas e não era desconhecido, era como se fosse petróleo! Arregalou os olhos mesmo agora vendados e sentiu o corpo pegar fogo, caindo ao chão debatendo-se contra o aço alho de maneira, mexendo-se de um lado para o outro agoniando, tentando apagar o fogo que devorava sua roupa, com as labaredas quentes, mas parecia em vão, pela fumaça fora intoxicado e desmaiara no processo, queimando até o último suspiro. O cheiro que sentia ali eram de três indivíduos, porém sendo uma criança um deles não tinha igual valor. O sol caminhava no céu mais ardente e imponente, a viagem da família prosseguia, pela estrada. Os homens se revirassem a casa descobririam o nome "Zarihm" marcado em um pergaminho, aparentemente outro contrato.

Damyen Merikh diz:
Era óleo que havia caído sobre a cabeça de Godrick e tudo o que seus captores faziam era retirar um dos troncos da fogueira em brasa, deixando-o próximo do rastro oleoso que queimaria a casa e seu dono devedor de favores. A porta era fechada e arrastavam toras e pedras para bloquear as saídas, habilmente. E como todo o acerto de contas Agraniano, deixavam rosas vermelhas pregadas contra a madeira da porta, o sinal final de uma família ou casa que havia desfeito ou descumprido um acordo, sinal respeitado e temido por muitos. Com rapidez e entre gargalhadas e assaltos contra os animais, os Allarymares montaram e agitaram-se na direção do cheiro da família Capell, seguindo seu rastro como os cães de caça temido que eram.

Ian Levi Capell diz:
Estavam bastante afastados já da cidade a cerca de três horas adiante da residência dos Zarihm, fizeram apenas uma breve parada para beberem água, assim como os animais que estavam a se escaldar de baixo do sol forte.
-Não podemos voltar Ian!?
Perguntava Anaya, que estava cansada e dolorida pela noite passada.
-Não podemos, devemos seguir...
Montaram os animais e prosseguiram, ao que chegaram a uma bifurcação o jovem pensou e então disse.-Devemos nos dividir aqui e prosseguir, pois temo que poderão vir atrás de nós, e separados será mais difícil...
A direita dava acesso ao cais e a esquerda as montanhosos.
-Mãe, leve Elísea com você para o cais e partam na primeira embarcação para a ilha que existe muito distante daqui. Eu irei buscá-las assim que possível...
Deveriam despistar os lacaios.
-Anaya venha, vamos para as montanhas...
E assim ali eles se separaram, menos de meia hora depois a mulher com a criança estavam em alto mar, longe de deixar qualquer rastro ou vestígios de suas presenças, porém Ian e sua esposa não podia-se dizer o mesmo.

Casa da Família Zahrim

Damyen Merikh diz:
-Não demorou muito para que o faro aguçado dos Allarymares conseguisse farejar o caminho. Não era um rastro antigo, mas algo que deveria ter sido feito com um dia de antecipação. Podia vislumbrar os passos de mãe e filha, o jovem acompanhado delas até uma casa nobre ao centro de Adama. O Coletor conhecia a família dos Zarihm, homens honrados. Mas nem mesmo isso impediu os cegos cães a adentrarem o terreno com seus cavalos, batendo à porta da família com a gana de encontrar a parte perdida do pagamento.
- Abram!

Ian Levi Capell diz:
Ao escutarem a porta ser batida, um dos criados abriu e viu o homem encapuzado arrepiou-se todo temeroso e disse.-Fique ai!...-Logo foi buscar pelo Senhor da casa que compareceu a porta, não entendendo de quem se tratavam.-O que fazem aqui, o que lhes trazem a minha casa?...-O homem deveria ter seus sessenta anos de idade, barba branca levemente aparada, sobrancelhas claras e cabelos grisalhos, vestia-se muito bem e apesar da idade sabia-se que era o dono da residência, vestia-se muito bem e em seu peito havia um pingente, representando o brasão de seu legado.

Song: Hino ao Sol
- http://www.youtube.com/watch?v=Dmrdn8DUEbE&feature=related

Damyen Merikh diz:
- Procuramos pelos refugiados da casa de Levi Capell...Acredito que o senhor não tenha refugiados em sua casa... - Era uma ironia claro e o velho senhor com toda sua experiência saberia que ao se tratar de cães de caça, não seria sábio mentir. Enquanto conversavam, o Coletor e o velho, os homens apeavam de seus cavalos, refugando a terra, cheirando o ar. Ali o cheiro da família era intenso, quente. Algumas horas o separavam deles.

Ian Levi Capell diz:
-O homem ficou bastante sério, não compreendendo a situação e disse.
-Não compreendo o que se passa, Ian desposou minha filha e recebeu um trabalho em outra cidade partiram pela manhã, não entendo, o que há de errado!?...
Anaya a partir do momento que fora desposada não pertencia mais aos Zarihm, mas aos Levi Capell, e seria considerada como tal.-Podem me explicar por favor!...

Damyen Merikh diz:
- Desposou sua filha? - Os homens riam, afinal se a filha dos Zarihm fosse bela como as mulheres de sua descendência, a dívida dos Capell estaria muito bem paga. Mulheres jovens e belas possuíam preços absurdos em mercado. - A família Capell contraiu uma larga dívida com a família Darham de Agra, meu senhor. Com a dívida não paga, viemos retirar o restante dos que fugiram...Sabe das leis. Cumpro o que meu senhor necessita por direito.

Ian Levi Capell diz:
Amedrontou-se com aquilo e logo interveio.
-Diga o preço eu pago a diferença e deixamos como está, então o que lhes é devido e não haverá mais problemas para ambas as partes!...
-Sabia muito bem sobre as leis, mas era agora a vida de sua filha que estava em jogo, a qual criara com tanto esmero, não deveria ser jogada ao vento, sem mais nem menos.
-Digam! E faço questão que dêem um fim ao rapaz!...
Falava com a voz enérgica, era um homem severo e cumpridor da lei!

Damyen Merikh diz:
Os caçadores se entreolhavam, conversando no silêncio sibilante de sua própria lingua natal, como serpentes que esperavam um bote certeiro. Por fim, o Coletor fitou o velhor Zahrim. 
- Se nos der a quantia em dinheiro, sua filha será devolvida em segurança. Caso contrário, ela terá o mesmo fim que os demais da família desgraçada....Pague, velho Zahrim e livre sua jóia de terminar pelo fio da espada ou nas mãos dos soldados. 
Riam alto, já montando em seus cavalos tenebrosos, certos de que não sairiam se a quantia em mãos.
Ian Levi Capell diz:
-Ele não hesitou e disse.
-Irei buscar!...-Não perguntava quanto, saiu para dentro da casa, eram ricos sempre mantinham o dinheiro a salvo em cofres. Em seu escritório abriu o cofre principal, pegou um saquinho de moedas equivalente a 5 marcos, mais que o suficiente pela cabeça de alguém, trancou e voltou a porta em passos apressados.-Aqui está!...-Entregava a ele, havia o nº descrito no saco, vasta quantia.
-Irão trazê-la de volta!!? Ou devo enviar um lacaio junto de vossa comitiva!?

Damyen Merikh diz:
- Devem estar longe, os cães sarnentos....Malditos inferis! 
Cuspiam, maldizendo a família fugitiva. Com grande agrado o Coletor peso o saco de moedas e lambeu os beiços enquanto contava as moedas douradas.
- É mais que o suficiente. Considerarei um pagamento pelo estorvo que tivemos...
Davam meia volta com os cavalos, passando pelos portões dos Zahrim. Apenas o Coletor parou sua montaria para lhe prestar resposta digna qualquer.
- A menina será trazida de volta. Não se preocupe, mantemos nossa palavra como a carne sobre nossos ossos. Em alguns dias talvez, se não antes.

Ian Levi Capell diz:
Ele concordou e disse ainda.-Não deixem que nada lhe aconteça! O rapaz nos enganou merece a humilhação!...-Respondia severo, afinal "roubara" sua princesinha para levá-la sabia-se lá onde! Ele adentrou a casa sentindo um pesar muito grande, pedindo as forças superiores que nada acontece-se. A hora do almoço aproximava-se e estava na metade do percurso dentro da montanha, a demora se dava pelos mantimentos e animais que deveriam tomar cuidado em determinados trechos, fizera uma pequena pausa aonde desfrutaram de carente e pão, juntamente com um pouco de vinho para revigorarem-se! Anaya estava sentada sobre uma pedra quando Ian falou consigo.
-Não acredito que vão desistir fácil, caso o pior ocorra fuja!...
Dizia sério, ele fazia que sim com a cabeça assustada.